NEGOCIANDO NO CASAMENTO (19/07/2011)
Por: Psic. Neiva Proença...
Para onde vamos em nosso período de férias? Compramos os sofás ou o trocamos de carro? Onde vamos passar o natal e o ano novo? Às vezes os interesses não são os mesmos. O que fazer? Impor a sua vontade?
Negociar é o caminho. Para isso precisamos aprender algumas coisas.
Há muitos anos atrás se ouvia dizer que a arte da negociação era privilégio de alguns povos: turcos, sírios, indianos e tantos outros onde o comércio era farto, mas ampliando o termo negociar verificamos que esta arte é tão antiga quanto o ser humano, e implícita em suas mais variadas relações.
Lembremos de Esaú que negociou sua primogenitura com seu irmão Jacó( Gn 25:30-31), negociou um lugar, uma bênção.
Bem mais tarde vemos, Judas negociando com os principais sacerdotes, uma informação sobre Jesus (Mc 14:10), até o diabo no monte tentou uma negociação com o nosso mestre (Mt 4:9).
Muitas negociações aconteceram e acontecem, fora e dentro do casamento, e dentro negociam-se muitas coisas: tempo, dinheiro, lugar, atenção e pasmem, o próprio corpo e por que não ir mais além, a própria relação às vezes entra em negociação.
No casamento, as negociações começam cedo, ainda enquanto casal, no chamado contrato matrimonial. Por exemplo, se ela vai ou não trabalhar fora de casa, se ele vai ou não ajudar nas tarefas domésticas, se terão ou não filhos, quantos e quando, se vão morar perto ou longe das famílias de origem e por aí vai uma série de negociações de todo tipo e a todo instante.
Como você tem negociado?
Um estudioso das negociações, classificou da seguinte forma os negociadores: O tipo Buldog, o tipo Raposa, o tipo Veado o e o tipo Construtor de Negócios.
O primeiro tipo é agressivo, que quer sempre ganhar na base da intimidação, preocupa-se em ganhar, não se importando com o outro.
O segundo é "esperto", não agride, fica na espreita para dar o golpe fatal, deixa parecer que o outro está em vantagem, mas na verdade quem está ganhando é ele.
O terceiro é pacífico e indefeso, em sua negociação cede para o outro mesmo que sempre esteja perdendo.
E o último, é o que busca o melhor para os dois lados e o resultado da negociação beneficia a ambos.
Gostaria que você, se lembrasse de sua família e de como aconteciam as negociações nela.
Desde uma simples decisão do tipo: O que vamos comer hoje? Até uma decisão mais complexa do tipo: Mudamos ou não de cidade?
Como se comportavam seus pais na hora de negociarem? As negociações eram causadoras de conflitos? Eram momentos tensos? De muitas perdas? Ou de crescimento e aproximação dos membros da família, momentos em que podiam ter contato com as diferenças e tirar proveito delas para o crescimento individual e relacional, onde todos saíam ganhando?
Meditando na forma de negociar de seus pais, você pode compreender melhor seu comportamento, na hora em que o negociador é você.
A negociação pode ser desencadeadora de situações desagradáveis, de assuntos não ditos, de sentimentos camuflados e, portanto vai exigir certa maturidade das pessoas envolvidas, ao ser iniciada.
Por exemplo, se um casal resolve negociar se uma das sogras vive ou não em sua casa, esta negociação pode fazer emergir uma série de sentimentos, uma não simpatia ou uma hostilidade por parte do genro ou nora, pela sogra em questão.
Ou se resolvem negociar se almoçam todos os domingos na casa da família de origem de um dos cônjuges, o que também pode desencadear reações que vão denunciar pensamentos não compartilhados, incômodos e etc.
Por isso também vemos pessoas fugindo às negociações, pois estas gastam energia, exigem paciência e aceitação do resultado final.
O que se faz necessário é uma reflexão quanto a forma que temos negociado, se não temos lesado o nosso irmão (e aí esse irmão se estende à família de Deus) porque também é na igreja que você experimenta as mais variadas negociações.
E como você aprendeu, é como você negocia no casamento, na família, na igreja e na vida.
Em Filipenses 2 podemos ver Paulo exortando sobre o amor nas relações, fala de mesmo sentimento, ...Que nada façamos por partidarismo...Mas considerando os outros superiores a si mesmo...Que cada um não tenha em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.
Isto me lembra complementaridade, completude nas relações, equilíbrio nas negociações, e como resultado: saúde emocional, saúde conjugal e familiar.
